quinta-feira, 14 de abril de 2011

Piada racista contra comerciária vira caso de polícia em Caxias do Sul

Abalada moralmente por uma piada de cunho racista, a operadora de caixa Queren Pereira de Souza Oliveira, 23 anos, registrou na manhã desta terça-feira (12) uma ocorrência policial de injúria qualificada. O alvo da investigação, a ser conduzida pela Delegacia para a Mulher (DM), é o aposentado Orlando Andreazza, 80 anos, fundador da rede de supermercados Andreazza.

Segunda a operadora de caixa, paulista, negra e grávida de sete meses do primeiro filho, Andreazza a abordou no momento que ela limpava o balcão do caixa 9. O Aposentado teria perguntado se ela “sabia a semelhança entre um Fusca quebrado na esquina e uma negra barriguda”.

– Eu não entendi direito a pergunta e respondi que não sabia – disse ontem à noite, ainda abalada, na redação do Pioneiro.

Ato seguinte, segundo a ocorrência, uma funcionária do mercado teria dito:

– Você não entendeu? Os dois estão esperando um macaco!

– Em seguida percebi que ele se referia a mim insinuando que eu estava esperando um macaco. Fiquei chocada.

Queren relatou ter deixado o setor dos caixas e ido em direção ao banheiro. No caminho, teria encontrado uma colega, que disse:

– Ele é assim mesmo.

A piada teria sido presenciada por outros funcionários. Alguns, a exemplo do aposentado, deram gargalhadas.

A jovem, que trabalha no supermercado há quase um ano, contou ter começado a chorar no banheiro, enquanto colegas tentavam a acalmar. Depois, pegou seus pertences, e pediu ao gerente, Paulo de Souza Oliveira, para ir embora:

– Eu não tinha mais condições de ficar ali. E não voltarei, mesmo que queiram. Nunca mais quero vê-lo na minha frente. Pessoas racistas são desumanas.

Assista matéria da RBS/TV Caxias


Sindicomerciários de Caxias repudia ato de racismo no supermercado Andreazza
   
O caso repercutiu na mídia e várias denúncias informais chegam ao conhecimento da diretoria do Sindicomerciários, referindo a pressão em que os trabalhadores (as) são obrigados a trabalhar.   São denúncias de desrespeito e grosseria praticadas pelos patrões do Andreazza que tornam o clima insuportável no local de trabalho. Em alguns casos, para evitar situações humilhantes, os funcionários (as) preferem pedir demissão. O caso de racismo denunciado por Queren Oliveira foi emblemático para demonstrar à sociedade as condições de trabalho, as quais estão submetidas os funcionários da rede Andreazza de Supermercados. A atitude racista demonstrada pelos Andreazza revela intolerância com a diversidade e desrespeito com o ser humano.

ALGUMAS IRREGULARIDADES PRATICADAS NA REDE ANDREAZZA
Auxílio Creche – A empresa se nega pagar o valor de R$ 150 de auxílio creche para mães comerciarias, conforme estabelece o dissídio coletivo da categoria.
Operadoras de Caixa – A operadoras são proibidas de trabalharem sentadas.
Intervalo – Os empregados são obrigados a trabalhar mais de 10 horas por dias. A empresa não permite que eles façam os intervalos de descanso.
Estudantes   - Os empregados são obrigados a trabalhar mais de 10 horas por dia, o que os impede de estudar à noite, um direito básico do cidadão.

Fonte: Sindicomerciários Caxias e Jornal Pioneiro

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