segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Apesar do crescimento nas vendas, negociação com comerciários não avança

Os comerciários de Ijuí e região, da base de atuação do Sindicato dos Empregados do Comércio de Ijuí, realizaram sua assembleia geral ordinária mensal na última sexta-feira (14). Os informes sobre o dissidio deste ano mobilizaram os comerciários e a reunião foi marcada pela grande participação da categoria.


Patrões oferecem o piso regional
O comércio gaúcho acumula alta de 10,4% no primeiro semestre de 2012 (crescimento real, já descontada a inflação). O setor de hiper e supermercados, segmento de maior peso no varejo, registra um crescimento ainda maior em 2012, com alta de 15,4% no semestre.
Apesar do crescimento nas vendas, a negociação entre o SINDILOJAS e o Sindicato dos Comerciários é tradicionalmente marcada pelo impasse e o momento difícil pelo que passa a COTRIJUI foram avaliados.

Para este ano, o SINDILOJAS oferece aos trabalhadores do comércio um piso de R$ 732,00 (já garantido pelo piso regional do estado) e 6% para os demais salários. O INPC (índice que mede a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida) ficou em 4,88%. O aumento real para o trabalhador seria de 1,12%.

O Sindicato pede R$ 750,00 para o piso e um aumento de 7% para os demais salários, com um ganho real de 2,12%. Guilherme Persich, diretor que conduz as negociações no lugar da Presidente Rosane Simon que está licenciada, diz que o SINDILOJAS não responde as tentativas de negociação. O Sindicato aguarda uma nova rodada para a próxima semana.

Dissídio da COTRIJUI deve fechar esta semana
Apesar do momento pelo que passa a cooperativa, as negociações estão tranquilas e o acordo deve ser fechado nesta semana. A proposta da empresa é de um piso de R$ 770,00 e um aumento para os demais salários de 6% de maio a agosto e mais 1% a partir de setembro. Na proposta, os valores retroativos a data base de maio seriam pagos em 5 vezes (de outubro a fevereiro) e o auxílio escolar em 3 vezes.

No entendimento do Sindicato, este é o momento da empresa valorizar seus funcionários, sinalizando a confiança e parceria para superar o momento de crise. A diretoria da cooperativa se mostrou receptiva e uma contra proposta será apresentada pedindo o aumento de 7% já a partir de maio e o pagamento dos valores retroativos em 3 vezes. Guilherme Persisch e o assessor jurídico Luiz Carlos Vasconcellos estão confiantes de que as negociações chegam ao acordo ainda nesta semana.

O setor de peças e de veículos já tem valores definidos. O piso fechou em R$ 762,00 e o aumento para os demais salários ficou em 7%.

Nova Sede Campestre
A categoria foi informada também sobre o andamento das obras da nova sede campestre no Povoada de Santana, próxima ao Rio Potiribú. Algumas melhorias já foram realizadas como a ampliação de banheiros e o cercamento da área e as obras de cobertura da quadra de esportes estão em andamento.
A direção convida a todos para que visitem e conheçam a nova sede que deverá estar em pleno funcionamento neste verão.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Abgail Pereira, secretária do Turismo do RS, apoia uma presença mais forte da mulher na política e defende uma mudança na forma com que a televisão brasileira divulga a imagem feminina

10/09/12

Abgail Pereira é secretária de Turismo do Governo do Estado e foi a 1ª secretária da Mulher da CTB-RS, em 2007.
CTB-RS – No ano passado, 46 mulheres foram assassinadas e entre janeiro e agosto deste ano, o número já chega a 50. Além disso, os casos de denúncias de violência contra a mulher são de, em média, 40 ligações por dia. O que a senhora acha que ainda precisa ser feito para que essa realidade seja modificada?

Abgail – Precisamos organizar, cada vez mais, ações que mobilizem as entidades representativas, o poder legislativo e executivo, as lideranças e a sociedade, chamando a atenção para o absurdo que é nós amargarmos com esses números. O Rio Grande do Sul é o segundo estado do país com o maior índice de violência contra mulheres. Ao se identificar que esse número é mais presente na serra gaúcha e na fronteira, conclui- e que é algo ligado a nossa cultura de uma maneira conservadora e muita atrasada do ponto de vista das relações sociais.

O Estado já tomou várias iniciativas para enfrentar essa violência. Buscou delegacias da mulher, criou casas de abrigos, que oferecem todo respaldo para a mulher e seus filhos, instituiu promotorias legais. Apesar disso, muitas das pessoas que lidam no campo com bichos, seguem tratando a mulher pior do que bicho. Então acredito que essa é uma questão cultural e para que seja modificada é necessário que siga havendo um debate permanente sobre esse assunto.

A violência contra a mulher se inicia de uma forma subliminar, psicológica, emocional, parte para a física e acaba levando a morte. Na época em que reivindicávamos a Delegacia da Mulher, nós identificamos que o debate sobre isso precisa acontecer e que Lei Maria da Penha deve sair do papel e ser trazido para a vida. Em briga de marido e mulher a sociedade tem que meter a colher, sim! Esta é uma máxima que tem que ser seguida. Descobriu-se que o agressor, em geral, é uma pessoa que se diz amar a mulher, ou seja, que tem uma relação afetiva com ela, ou ele é o irmão, ou pai, ou marido. Como é que estão essas nossas relações afetivas, a ponto de se acabar com a vida de uma pessoa? Nós temos que enfrentar de forma coletiva essa situação, metendo a nossa colher como poder público, como entidades representativas do conjunto da sociedade.

A CTB tem dado uma contribuição muito grande para esse debate por trazer, na sua concepção, a questão da mulher como protagonista da sua história e por dar visibilidade a ela como trabalhadora e com sua a relação na sociedade. A mulher ao ir ao mercado de trabalho, ela evidencia necessidades e faz avançar a humanidade na conquista dessea direitos. A CTB sempre tem pautado esse debate e nós nos sentimos extremamente contempladas por uma central que chama para si a responsabilidade de ter esse debate vivo na sociedade.

CTB-RS – No 5º encontro das Trabalhadoras no Comércio e Serviços do RS, que aconteceu na Fecosul, no início do mês de agosto, a senhora defendeu a participação das mulheres na política e, consequentemente, nos espaços de poder. Por que a senhora acha que esse envolvimento é essencial para modificar a realidade da violência atual?

Abgail – É exatamente na política e nesses espaços de poder onde as coisas são decididas. As mulheres hoje ocupam todos os lugares da sociedade. Nós estamos presentes nas universidades, em todas as profissões, mas não estamos nos espaços de poder. Ainda é muito baixo o número das mulheres que participa das esferas de poder e nós já demonstramos a nossa capacidade, que precisou ser demonstrada, ao contrário do que acontece com os homens, que quando ascendem ao poder, não precisam provar suas capacidades. Isso porque, às mulheres, não basta estar qualificada do ponto de vista profissional. É preciso, ainda, comprovar que se é capaz. Na política ainda estamos num número muito reduzido. Nós precisar estar mais presentes nesse meio, porque humanizamos as relações.

Veja bem, se nós somos mais da metade da população e nós não participamos da política, está faltando essa metade. Está faltando esse olhar, esse sentimento, essa competência. Aqui na América nós já tivemos e temos ainda, Michelle Bachelet, Cristina Kirchner, Dilma Rousseff, mulheres que acenderam. Acho que essa é uma janela extremamente importante que mostra que as mulheres têm grandes capacidades. O cargo da presidência da república ao estar sendo preenchido por uma mulher nos deu uma visibilidade na ONU, por exemplo, mas isso por si só não resolve a nossa participação na política.

Esse ano nós temos mais mulheres candidatas, quiçá sejam eleitas. Torço para que nós tenhamos muitas mulheres candidatas a prefeitas das capitais no Brasil todo. Isso vai mudando a cara do Brasil. Antigamente, nós exercitamos a cidadania ao lutar pelo direito ao voto, agora nós queremos o direito de sermos votadas.

CTB-RS – As novelas e seriados da televisão brasileira mostram, seguidamente, as mulheres sendo alvo de preconceito, agressões, maus tratos. A senhora acha que esses temas são explorados da maneira correta ou poderiam ser conduzidos de outra forma?

Abgail – Deveriam sim ser conduzidos de outra forma. O uso da imagem social da mulher é extremamente distorcido e não representa o que é realmente a vida dela. Nas novelas, muitas atrizes têm suas personagens retratadas como fofoqueiras, fuxiqueiras, ou são mencionadas e valorizadas, apenas, por suas belezas físicas, sendo taxadas de “gostosas”. Essa é uma cultura que usa a mulher como uma propriedade ou como um objeto. Na música, por exemplo, elas são chamadas por frutas ou comparadas a animais.

No entretenimento, a mulher negra ainda é tratada pior. É difícil ela ser mostrada como alguém capaz, e quando consegue isso, ou ela é feia, ou má. Então é muito distorcido do papel que é hoje ocupado pela mulher na sociedade. Nós estamos no judiciário, na construção civil, nas universidades, somos ministras, deputadas, prefeitas. E como é que a TV representa essa mulher? É com o uso do corpo para vender cerveja, moto, produtos que muitas vezes não estão nem associados ao universo feminino. A mulher é usada apenas como um atrativo, sem se explorar sua capacidade que vem contribuindo com o avanço da humanidade.

CTB-RS – Segundo um estudo feito pelo Banco Mundial e divulgado no mês de agosto, de 2000 a 2010, a participação das mulheres no mercado de trabalho na América Latina aumentou 15%. Fato que contribuiu no combate a extrema pobreza inclusive durante a crise financeira, que explodiu em 2008. Apesar da independência financeira que parte feminina da população vem conquistando, há muitas mulheres que, em paralelo a isso, se submetem a viver com homens que as maltratam e não dão o seu devido valor. Por que a senhora acha que isso ainda ocorre?

Abgail – Posso afirmar que eu já me fiz essa pergunta por diversas vezes. Ao me reunir com mulheres que são expostas a situações de violência e procurar essas repostas, acabei identificando um mundo, em que é atribuído às mulheres serem as cuidadoras. Por várias gerações foi estimulado e culturalmente aceito isso. Nós cuidamos da natureza, das pessoas, dos animais. Historicamente isso perpassou gerações. Por vezes, as mulheres defendem o seu agressor dizendo “quando ele não está bêbado ele é bom”, “ele é um bom pai”, “ele me bate, mas não deixa faltar nada em casa”, “ruim com ele, pior sem ele”. Além disso, os filhos, a família e a sociedade cobram de uma mulher que abandona o homem. Porque o homem não é um ser agressor por natureza, e sim, é um ser agressor porque foi constituído socialmente num sistema em que é interessante que ele seja quem domina, assim ele reproduz por vezes essa opressão e bate.

É difícil para a mulher se desvencilhar do elo afetivo, mesmo sendo agredida. Há dados que dizem que as mulheres levam em média 10 anos para denunciar as agressões. Existem, ainda, situações em que a denúncia é feita, mas com o passar do tempo, elas voltam para os maridos, sempre na tentativa de resguardar a relação e isso por vezes custa a vida da mulher.

Num primeiro momento, nós achávamos que elas não denunciavam porque não ia adiantar nada. Hoje, com o advento da Lei Maria da Penha – duramente conquistada pelo movimento de mulheres, que vem tentando se afirmar na sociedade e enfrenta resistência do próprio poder judiciário para que ela seja aplicada – as mulheres estão denunciando mais e os números começam a aparecer. Por isso, algumas pessoas acreditam que as delegacias não estão cumprindo com seus objetivos, por acharem que o número cresceu, mas ele não cresceu. Ele apenas evidencia uma situação que já existia, mas que estava escondida. Hoje com o amparo das delegacias e das casas de abrigo, as mulheres estão indo denunciar mais.

Aline Vargas

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CTB se posiciona no Senado contra projeto retrógrado sobre terceirização

O PL 4.330/04, projeto de lei que regulamenta a terceirização, é alvo de críticas de sindicatos e outras entidades que defendem os trabalhadores – eles acusam a proposta de enfraquecer os direitos dos empregados, visando assim reduzir os custos das empresas. Essas críticas deram a tônica da audiência pública que a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) realizou na última quinta-feira (6), com a presença da CTB.

Joílson Cardoso, secretário de Relações Institucionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil(CTB), ratificou durante a audiência pública a posição da Central sobre o assunto.  “Defendemos a CLT e os preceitos constitucionais. Com o mundo em crise, não aceitaremos um passo atrás”, disse.

O autor do projeto, deputado federal Sandro Mabel (PR-GO), que não participou da audiência na CDH, argumenta que sua proposta oferece segurança jurídica para os terceirizados, oferecendo regras claras tanto para os trabalhadores nessa situação quanto para seus contratantes. Atualmente, a matéria tramita na Câmara dos Deputados. Se for aprovada, passará então a tramitar no Senado.

A CTB tem posição definida sobre o tema. Para seus dirigentes, uma regulamentação da terceirização, qualquer que seja, atingirá mais de 30 milhões de trabalhadores e pode representar, na prática, uma reforma da legislação trabalhista com grandes impactos no mercado de trabalho brasileiro, podendo significar  a institucionalização  da precarização do trabalho, representando o  aumento da jornada, a ampliação das situações de risco, dos acidentes e doenças, o crescimento da rotatividade e o rebaixamento salarial.

Por esse aspecto, a CTB defende que qualquer legislação sobre esse tema tenha como base os seguintes pontos:

  • Proibição da terceirização na atividade-fim, inclusive no serviço público;
  • Proibição de toda e qualquer possibilidade de subcontratação;
  • Responsabilidade solidária da empresa contratante pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias;
  • Isonomia e igualdade de direitos entre todos trabalhadores e trabalhadoras garantindo o princípio da progressividade de direitos e da norma mais favorável;
  • Direito à informação prévia e negociação coletiva por ramo preponderante;
  • Proibição de terceirização das atividades que são tipicamente de responsabilidade do Setor Público.

Portal CTB