quinta-feira, 26 de abril de 2012

Acidentes de trabalho tem a dimensão de uma epidemia


A realidade brasileira sobre acidentes de trabalho nos dá a dimensão de uma verdadeira epidemia, pois são mais de 700 mil acidentes registrados, mais de 70 bilhões de reais por ano em custos, mais de 2,7 mil trabalhadores que morrem por ano, mais de 80 acidentes por hora e mais de 7 mortes por dia. Os dados foram divulgados em audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), sobre o Dia Internacional em Memória às Vitimas de Acidentes do Trabalho, cuja data oficial é 28 de abril, nesta sexta-feira. A audiência teve a participação de representantes de centrais sindicais, do governo federal, da Justiça do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho

“São dados alarmantes, ainda mais quando consideramos que existem deficiências na rede de atendimento ao trabalhador. São muitos os exemplos que chegam até nós no sindicato, indicando isso”, disse a presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí, Rosane Simon.

Na audiência, o Coordenador Nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores, José Augusto da Silva Filho, defendeu a adoção de políticas efetivas para melhorar a segurança no trabalho promovendo campanhas educativas e pediu o fortalecimento do Ministério do Trabalho, observando que este conta atualmente com um auditor fiscal do trabalho para cada três mil empresas.

Corpo e Alma
Para a juíza do trabalho Noêmia Garcia Porto, representante da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), as empresas atualmente não querem só o corpo e o tempo do trabalhador, querem a “alma”. Segundo ela, é preciso haver o enfoque na prevenção dos acidentes, pois a justiça lida apenas com a ponta final, com a reparação dos danos. Em sua opinião, o ideal é o trabalhador ter um ambiente saudável e emprego protegido.

Os 3,8 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil no período de 2005 a 2010 mataram 16,5 mil pessoas e incapacitaram 74,7 mil trabalhadores. Os dados foram citados pela presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosângela Silva Rassy. Rosângela Rassy denunciou o “definhamento” da inspeção do trabalho: o quadro de 3.025 auditores fiscais, segundo ela, é insuficiente para fiscalizar mais de 7 milhões de empresas espalhadas pelo país.

O vice-presidente do Sinait, Francisco Luís Lima, apontou como causa dos acidentes a degradação das condições do trabalhador e do meio ambiente de trabalho. Contribuem para isso, segundo ele, problemas como falta de treinamento, não fornecimento de equipamento de proteção individual e remuneração por produção (que induz ao trabalho excessivo e exaustivo), entre outros.

“Na nossa categoria, os comerciários, temos uma longa e extenuante jornada, diária e semanal e existem também casos de abusos e más condições no ambiente de trabalho. Tudo isso afeta o trabalhador em sua saúde física e mental. Temos lutado diariamente contra isso no Sindicato e por isso valorizamos muito esse dia em memória às vitimas de acidentes do trabalho”, concluiu Rosane Simon.

Com informações da Agência Senado

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